Custos Da Qualidade

Analisar os custos da qualidade de sua operação não é tarefa simples.  Diversas perguntas devem ser respondidas, como: Qual é o custo?  Quem paga o custo?  Quem deveria pagar o custo?  As perguntas são básicas, mas as respostas podem ser bastante complexas.

Vamos analisar cada uma:

Qual é seu custo da qualidade?

Os custos da qualidade se manifestam de inúmeras formas.  Portanto não se trata de somar o salário dos funcionários deste departamento e o número de peças descartadas.   Para fazer uma avaliação adequada dos custos da qualidade, pense em todos estes aspectos:

  • Salários dos funcionários diretamente envolvidos com controle da qualidade
  • Horas dos funcionários que gastam tempo resolvendo problemas de qualidade e manipulando o estoque de rejeitos.
  • Horas de funcionários administrativos lidando com acertos financeiros com fornecedores.
  • Horas de assistência técnica em atendimentos gerados por problemas de qualidade.
  • Queda de vendas (cada cliente que tem problema com um produto seu pode espalhar a “notícia” para  inúmeros outros contatos)

Claro que muitos dos valores não serão exatos.  Você pode realizar uma estatística durante 1 mês, ou obter boas estimativas com os próprios funcionários.   O importante é que você avalie todos os aspectos de quanto sua empresa investe/gasta na garantia da qualidade.

Quem paga e quem deveria pagar seu custo de qualidade?

Ao determinar os custos de qualidade você notará que eles vêm de dois fatores:  material defeituoso e falhas em processos.

Também podemos pensar nas seguintes opções sobre quem paga estes custos:

  • Seu fornecedor:  quando os custos são repassados e sua empresa recebe créditos ou pagamento.
  • Sua empresa:  quando o fornecedor não é responsabilizado e o custo não é repassado ao preço final do produto
  • Seu cliente:  quando seu produto tem um preço mais alto devido aos custos de qualidade incorridos por sua empresa.

O cliente nunca deveria ser quem paga seu custo de qualidade.  A razão é simples… concorrência.  Caso seu concorrente tenha melhores processos ou fornecedores, automáticamente ganhará um diferencial competitivo na construção do preço do produto.

Em linhas gerais, os custos relacionados a materiais sempre devem ser pagos pelo fabricante… ou seja, seu fornecedor.   Custos relacionados a processos devem ser resolvidos internamente e o custo é de sua empresa.

Ao analisar a estrutura dos custos de qualidade, o ideal é separar o tipo de cada um, para determinar aonde devem ser aplicadas as ações corretivas (e as cobranças!).   Sua empresa pode estar perdendo dinheiro pro falhas de terceiros.

 

Cortes De Custos vs Melhorias

 

Estive lendo o excelente blog Gemba Panta Rei, sobre lean e o Sistema Toyota de Produção, e um texto sobre os cortes de custos nas empresas me chamou a atenção e me levou a escrever algumas idéias sobre o assunto.

Quando a situação financeira de uma empresa aperta, a primeira coisa na qual se pensa é no corte de custos. Redução de despesas, demissões e controle estrito de gastos passam a ser a prioridade da organização. A pressão do mercado e dos investidores também é importante para que a organização entre em um estado de desespero, e seus executivos tomem ações mal planejadas para mostrar que estão tentando contornar a situação.

Partir para estas soluções é sempre a saída mais fácil, mas não necessariamente a melhor. Desde quando demitir um grande número de funcionários significa uma melhora na organização? O máximo que se consegue é ter uma empresa igualmente ruim, em um tamanho menor.

Mais importante do que cortar pessoas é identificar as causas raiz da situação da empresa e tomar ações corretivas e preventivas para que a situação melhore de forma sustentável.

Cortes de custos e funcionários realmente são necessários em muitas situações, mas nunca devem ser aplicados de forma isolada. Ao invés disso, devem fazer parte de um plano abrangente que inclua treinamento dos funcionários e programas de melhoria dos processos e redução do desperdício. Somente assim será possível superar as dificuldades que fizeram com que a organização chegasse à situação difícil em primeiro lugar.

Porque não tornar a organização MELHOR ao invés de MENOR? Porque não melhorar a produtividade da equipe e aproveitar a nova capacidade para fazer ainda mais com os mesmos recursos? Estas são perguntas que os líderes deveriam se fazer antes de tomar decisões precipitadas.

Deve ser lembrado que o fator humano também está em jogo. O ambiente em uma organização que passou por uma forte reestruturação costuma ficar pesado e inseguro. Além de um bom plano de comunicação, é necessário um excelente plano de ação, que mostre o comprometimento da liderança com a correção dos rumos baseado no crescimento da equipe. Este tipo de atitude é a que levará os funcionários a superarem a situação e apoiarem uma nova fase de crescimento